ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E OS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9394/96, explicita, em seu
artigo 2º, os princípios e fins da educação brasileira na seguinte conformidade:
A educação, dever da família e do
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (grifos nossos)
Isto posto, compete ao Orientador Educacional fundamentar
toda a sua ação com base nesses princípios, visando ao alcance das finalidades
da Educação Nacional, iluminado assim sua prática. Certamente, como membro de
uma equipe, ele não fará isso sozinho, portanto, precisa ter a compreensão de
que ao desempenhar suas atividades, deverá desenvolver seu trabalho de forma a
contribuir para a formação da cidadania dos educandos da escola onde atua, por
meio de uma prática democrática que respeita a liberdade de todos os
componentes da comunidade escolar. Se assim não for, pode até ser chamado de
Orientador Educacional, mas não estará desempenhando seu papel em conformidade
com os princípios que sustentam seu trabalho
ORIENTADOR EDUCACIONAL E A EQUIPE GESTORA
Na equipe gestora, podemos contar com o diretor, o
vice-diretor ou assistente do diretor, o coordenador pedagógico, o orientador
educacional e o supervisor escolar. Se não encontrarmos todos esses atores
compondo a equipe gestora, pela menos boa parte deles se faz presente. Cada um
desses profissionais tem suas atribuições e competências específicas, que se
complementam, orquestrando o trabalho realizado na escola. Sendo que todos
buscam ou devem buscar a maximização qualitativa do atendimento didático
pedagógico dos estudantes. E isso deve ocorrer da forma mais democrática e
compartilhada possível. De forma menos hierarquizada. Assim, o diretor conta
com o auxílio de uma equipe que, trabalhando o mais horizontalmente possível,
garante a democratização das tomadas de decisão cotidianas e minimizam os
impactos das inúmeras demandas do dia a dia que se abatem sobre a direção da
escola.
No caso do Orientador Educacional, especificamente,
dedica-se mais ao acompanhamento do trabalho discente, verificando, auxiliando
e dando andamento a processos de atendimento pedagógico e educacional conforme
as necessidades e demandas de cada aluno individualmente ou de grupos de alunos
que, eventualmente, apresentem mesmas demandas ou necessidades.
Em sua relação com a equipe de gestão, à luz dos fins
para a educação escolar, além de exercer a função de orientação
aos alunos, também a
deve exercer relativamente à própria equipe de gestão, bem como ao grupo de
professores, contribuindo para a afinação entre teoria e prática da ação
pedagógica, na construção de uma práxis educativa.
É, portanto, função do Orientador Educacional
levar ao grupo responsável pela Administração Escolar, informações acerca do
andamento geral das turmas e dos alunos, individualmente, relativas ao seu
processo de aprendizagem e desenvolvimento enquanto parte do processo
educativo. A importância desta função liga-se diretamente à elaboração de
estratégias administrativas que visem ao desenvolvimento de uma forma de gestão
que priorize — e seja eficiente e eficaz — o processo ensino-aprendizagem na
atuação de todos os educadores em suas funções cotidianas na escola.
O TRABALHO DE ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL
JUNTO AO CORPO
DISCENTE E À FAMÍLIA
No dia a dia da instituição escolar, o alunado apresenta
necessidades, problemas e demandas, em geral, ligadas ao processo
ensino-aprendizagem.
Os casos variam desde os problemas de relacionamento dos
estudantes, entre si, passando pela relação discentes-docentes, até as questões
de dificuldades de aprendizagem, questões disciplinares e necessidades de
reforço em algumas disciplinas, sem esquecer dos casos de inclusão — cada dia,
felizmente, mais presentes nas escolas regulares.
Diante dessa gama de demandas, o Orientador Educacional é
o responsável pelo atendimento direto ao aluno, debruçando-se sobre seu
problema para entendê-lo em sua plenitude e dar o encaminhamento conveniente.
Além do acompanhamento direto aos alunos, em função das
necessidades e problemas identificados, o Orientador Educacional também atuará
junto aos professores e junto aos familiares dos estudantes.
Aos professores o Orientador Educacional apresentará
propostas de atuação pedagógica na busca da solução ou minimização dos
problemas dos alunos.
Junto aos familiares, o papel do orientador Educacional
voltar-se-á ao estabelecimento de uma linha de comunicação que facilite a
solução das necessidades e problemas identificados, visando ao melhor
desenvolvimento possível e bem estar do aluno em seu processo de
aprendizagem.
O TRABALHO DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL
JUNTO AO CORPO DOCENTE
A partir das experiências adquiridas cotidianamente em
sua função, bem como de seus estudos e pesquisas profissionais, o orientador
Educacional deve propor ações pedagógicas, projetos, atitudes docentes,
metodologias didático-educacionais, técnicas e alternativas à atuação
docente. Sua função também se associa à observação e revisão curricular,
bem como seu acompanhamento e supervisão direta durante sua aplicação.
O
TRABALHO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL JUNTO AOS DEMAIS EDUCADORES ESCOLARES
Partindo-se da concepção de que todas pessoas que
trabalham na escola são, efetivamente, educadores escolares, cabe ao Orientador
Educacional assegurar o estabelecimento de um “clima” educativo que perpasse
todas as atividades, em todos os setores da escola.
É papel do Orientador Educacional, por exemplo, instruir
os inspetores escolares (“bedéis”), pessoal do serviço de limpeza, de merenda,
de secretaria, de portaria e assim por diante, no que se refere à pratica
educativa de suas atribuições profissionais, de modo a garantir o
estabelecimento de um ambiente educador em todo o equipamento educacional que
constitui a escola.
O
TRABALHO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL JUNTO À COMUNIDADE, ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E
PARCEIROS DA ESCOLA
Cabe ao Orientador Educacional trabalhar em prol de
garantir os melhores meios de relações entre a escola e cada um desses
personagens que atuam diretamente ou indiretamente em conexão com a educação
desempenhada pela escola.
Junto à comunidade, por exemplo, é função do Orientador
Educacional levantar características sociais e econômicas, manifestações
culturais regionais de origem locais ou trazidas de outras regiões, mas
importantes localmente, levantar e procurar responder às expectativas em
relação à escola onde atua.
Com as organizações sociais, por exemplo, o trabalho do
orientador Educacional se realiza na busca de serviços prestados que possam
atender aos anseios educacionais do alunado ou, mesmo, às suas necessidades
sociais e econômicas.
Com outros parceiros da escola, o Orientador pode e deve
estabelecer relações de auxílio mútuo que propiciem melhores aprendizados e bem
estar para o alunados , bem como para toda a comunidade escolar. Por exemplo,
as parcerias com os Postos de Saúde, as Casas de Cultura e os Clubes de Mães
significam possibilidades de atuação educativa junto ao entorno escolar.
O Orientador Educacional deve
contar com órgãos que compõem a rede de proteção social e entrar em contato com
eles sempre que perceber algum caso de vulnerabilidade social.
Alguns deles são:
CRAS - Centro de Referência de
Assistência Social
Executa serviços de proteção social
básica, organiza e coordena a rede de serviços sócio assistenciais, locais da
política de assistência social.
CREAS- Centro de Referência
Especializado de Assistência Social
Unidade pública onde se ofertam serviços
especializados e continuados a famílias e indivíduos nas diversas situações de
violação de direitos na perspectiva de potencializar e fortalecer sua função
protetiva.
Conselho Tutelar
Referências
GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A orientação
educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola.
São Paulo: Cortez, 2002.
JÄEGER, Werner. Paidéia: A
formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes 2003.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da
Educação e da Pedagogia. SP: Nacional, 2001.
MONROE, Paul. História da
Educação. SP: Nacional, 1983.
PASCOAL, Miriam; HONORATO, Eliane Costa
and ALBUQUERQUE, Fabiana Aparecida de. O orientador educacional no Brasil. Educ.
rev. [online]. 2008, n.47, pp. 101-120. ISSN 1982-6621
Postado por Futuros Pedagogos.
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