terça-feira, 10 de maio de 2016

Liderança e tomada de decisões na escola

Conhecer diferentes estilos de liderança, bem como sua importância frente à tomada de decisões na escola.

Para iniciar a abordagem da liderança do coordenador pedagógico na tomada de decisões na escola é fundamental observar a maneira como o mesmo se percebe. Segundo Ferreira (2011) é impossível exercer a liderança numa perspectiva democrática/participativa e ser centralizador, pois dificulta perceber-se como integrado a uma equipe. Neste sentido, se faz necessário observar atentamente diferentes tipos de liderança e como as mesmas são percebidas pelos seus lideres, como aponta (Luck et al, 2002, p. 35) enfatizando que modelos convencionais de liderança dificultam a sobrevivência e sucesso da escola enquanto instituição. A autora denomina de “[...] liderança, a dedicação, a visão, os valores e a integridade que inspiram os outros a trabalharem conjuntamente para atingirem metas coletivas”.

O coordenador pedagógico exerce diferentes estilos de liderança sobre os atores que fazem parte deste cenário, em especial o corpo docente e discente. Portanto, é pertinente uma reflexão sobre até que ponto a percepção deste que coordena diferencia de acordo com seu estilo de liderança. Luck et al (2002)descrevendo estilos de comportamento do líder apresentam quatro estilos a partir das teorias administrativas que variam conforme a necessidades individuais ou coletivas (2002, p. 50).
1 - Liderança Diretiva – Tomada de decisões autocráticas “sem o outro”. Neste tipo de liderança, o estilo de comportamento do líder tende à autonomia, com decisões solitárias e com instruções específicas e determinadas sobre a maneira como as mesmas devem ser executadas.
Em determinadas situações este tipo de liderança se faz necessária, diante, por exemplo, de uma equipe escolar iniciante, sem experiência, necessitando ao máximo de direcionamento para alcançar os objetivos propostos; ou ainda quando alguns atores da equipe escolar são novos na unidade escolar. Além, é claro, de este estilo de liderança ser apropriado em situações de emergência, o apagar “incêndios”, que podem ocorrer na unidade. Nenhum líder deve ou pode ser diretivo todo tempo.
2 - Liderança de Instrução – Tomada de decisões com consideração “do outro”. Neste estilo de liderança, o líder permite a participação dos liderados mesmo que limitada não ocorrendo o excesso de liderança diretiva, pelo contrário, combina o direcionamento com um encorajamento, elogios e motivação.
Quando uma equipe escolar se torna experiente, confiante e amadurecida, menor direcionamento se faz necessário. O líder desafia a equipe motivando-a, não selecionando soluções desejadas.
3 - Liderança de Auxílio  Tomada de decisões com influência “do outro”. Esta liderança remete à necessidade de objetivos desafiadores que convidam para influenciar na tomada de decisões na relação com o corpo docente o coordenador pedagógico. Neste contexto, não apresenta apenas as determinações do que fazer, mas, apresenta a situação e solicita sugestões e assim seleciona as desejadas, portanto o corpo docente é convidado a influenciar na tomada de decisões.
Neste cenário, o líder ouve, consulta e apoia ativamente a equipe escolar. Tal estilo é apropriado para situações complexas e quando se tem um alto nível de confiança em sua equipe escolar.
4 - Liderança Delegada – Tomada de decisões com envolvimento “do outro”. A liderança delegada envolve todos os atores do cenário escolar, a partir do momento que se estabelece um envolvimento, se estabelece um comprometimento coletivo.
Neste estilo de liderança os objetivos são mais desafiadores e as decisões demandam encorajamento, apoio, desenvolvimento profissional e, ao participar do processo, o líder concorda com a decisão do grupo. Na delegação da autoridade, desenvolvem-se as habilidades e o comprometimento da equipe escolar.
A seleção do estilo de liderança depende de cada situação, bem como, dos atores do cenário escolar no caso corpo docente e discente e como se relacionam.
 Na liderança diretiva fica claro que o coordenador pedagógico se percebe como aquele que detém fontes legítimas de poder para alcançar os objetivos desejados. A sua experiência perceptiva é de ser responsável e profissional, ao ponto de não ver ou escutar o outro, não permitindo expressão, criatividade, inovação, levando o outro, no caso seu corpo docente a tal sentimento de controle que o impede de se comprometer e de envolver na dinâmica escolar.
Já na liderança de instrução, quando o coordenador pedagógico toma as decisões após considerar os objetivos da escola e dos demais atores do cenário escolar, no caso o corpo docente e discente, ele explica os motivos, procura trabalhar com a confiança e motivação. A tomada de decisões referente à indisciplina pode ouvir e olhar os envolvidos na cena, aluno, professor, inspetor, etc. As considerações a partir das informações pertinentes ao ocorrido são relevantes e convida os envolvidos para uma reflexão no processo na tomada de decisões.
A liderança de auxílio permite ao coordenador pedagógico, a tomada de decisões influenciada após o ouvir e o olhar dos envolvidos na cena. As considerações a partir das informações pertinentes ao ocorrido são relevantes e certamente influenciam na tomada de decisões. O perceber da situação de atitudes agressivas de diferentes olhares igualmente promovem de situações saudáveis, a partir de um problema instaurado, e, se for o caso, as medidas disciplinares.
Sobre a difícil questão da indisciplina (Aquino, 1996) aponta que está cada vez mais difícil lidar com esta imagem no cenário escolar, os atores do cenário escolar representam a ordenação e o controle para uma sala agitada.
É necessário esclarecer questões relacionadas à indisciplina olhando, ouvindo e percebendo nas entrelinhas os diversos fatores que a envolvem.
A liderança delegada permite ouvir o grupo, envolvendo-o no processo de tomada de decisões e consequentemente desenvolvendo as habilidades e comprometimento. Há acordo com a decisão do grupo. O líder com a capacidade de delegar é capaz de um olhar diferenciado e de maiores conquistas. Na relação com o corpo discente, existem dispositivos no cenário escolar que permitem tal liderança quando se possibilita a representatividade dos alunos, como por exemplo, os representantes de classe. Só se conhece o aluno ouvindo-o e percebendo-o.
Da mesma maneira na relação coordenador pedagógico x aluno, quando o assunto é indisciplina, por exemplo, o líder diretivo aplica as sanções disciplinares informando aos pais e familiares com instruções específicas e determinadas. O olhar e o ouvir autocrático mais uma vez o impedem ver e ouvir o outro.
Necessariamente, perceber o aluno agressivo e as implicações que o levaram a tal atitude não suprime uma sanção disciplinar, da mesma maneira que uma sanção disciplinar imposta diretivamente com uma abordagem autocrática não resolverá a questão da indisciplina.
Reconhecer, em seus espaços e relações, aspectos facilitadores do trabalho é importante para que o coordenador não se deixe levar por descrédito e desânimo em relação à estrutura escolar em que se encontra, aos educadores com quem convive, a si próprio enquanto educador engajado na própria formação e na de seus professores.



Referências

O Coordenador Pedagógico e o Cotidiano da Escola. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
O coordenador Pedagógico e questões da contemporaneidade. 3. ed.  São Paulo: Loyola, 2009.
ALMEIDA, Laurinda Ramalho; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (Orgs.). O coordenador Pedagógico e o Espaço da mudança. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
LUCK, Heloísa; FREITAS, Kátia; GIRLING, Robert e  KEITH Sherry Keith. A Escola Participativa. Rio de Janeiro. Ed. DP&A, 2002.
MERLEAU-PONTY, M. O Olho e o Espírito & A dúvida de Cézanne. Tradução de NEVES, PEREIRA.  São Paulo: Editora Cocac & Naify,  2004

Postado por Futuros Pedagogos

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