Liderança e tomada de decisões na escola
Conhecer diferentes estilos de liderança, bem como sua importância frente à tomada de decisões na escola.
Para iniciar a
abordagem da liderança do coordenador pedagógico na tomada de decisões na
escola é fundamental observar a maneira como o mesmo se percebe. Segundo
Ferreira (2011) é impossível exercer a liderança numa perspectiva
democrática/participativa e ser centralizador, pois dificulta perceber-se como
integrado a uma equipe. Neste sentido, se faz necessário observar atentamente
diferentes tipos de liderança e como as mesmas são percebidas pelos seus
lideres, como aponta (Luck et al, 2002, p. 35) enfatizando que modelos
convencionais de liderança dificultam a sobrevivência e sucesso da escola
enquanto instituição. A autora denomina de “[...] liderança, a
dedicação, a visão, os valores e a integridade que inspiram os outros a
trabalharem conjuntamente para atingirem metas coletivas”.
O coordenador
pedagógico exerce diferentes estilos de liderança sobre os atores que fazem
parte deste cenário, em especial o corpo docente e discente. Portanto, é
pertinente uma reflexão sobre até que ponto a percepção deste que coordena
diferencia de acordo com seu estilo de liderança. Luck et al (2002)descrevendo
estilos de comportamento do líder apresentam quatro estilos a partir das
teorias administrativas que variam conforme a necessidades individuais ou
coletivas (2002, p. 50).
1 - Liderança Diretiva – Tomada de
decisões autocráticas “sem o outro”. Neste tipo de liderança, o estilo de
comportamento do líder tende à autonomia, com decisões solitárias e com instruções
específicas e determinadas sobre a maneira como as mesmas devem ser executadas.
Em determinadas situações este tipo de liderança se faz
necessária, diante, por exemplo, de uma equipe escolar iniciante, sem
experiência, necessitando ao máximo de direcionamento para alcançar os
objetivos propostos; ou ainda quando alguns atores da equipe escolar são novos
na unidade escolar. Além, é claro, de este estilo de liderança ser apropriado
em situações de emergência, o apagar “incêndios”, que podem ocorrer na unidade.
Nenhum líder deve ou pode ser diretivo todo tempo.
2
- Liderança de Instrução – Tomada de decisões com
consideração “do outro”. Neste estilo de liderança, o líder permite a
participação dos liderados mesmo que limitada não ocorrendo o excesso de liderança
diretiva, pelo contrário, combina o direcionamento com um encorajamento,
elogios e motivação.
Quando uma equipe escolar se torna
experiente, confiante e amadurecida, menor direcionamento se faz necessário. O
líder desafia a equipe motivando-a, não selecionando soluções desejadas.
3
- Liderança de Auxílio – Tomada de decisões com influência
“do outro”. Esta liderança remete à necessidade de objetivos desafiadores que
convidam para influenciar na tomada de decisões na relação com o corpo docente
o coordenador pedagógico. Neste contexto, não apresenta apenas as determinações
do que fazer, mas, apresenta a situação e solicita sugestões e assim seleciona
as desejadas, portanto o corpo docente é convidado a influenciar na tomada de
decisões.
Neste cenário, o líder ouve, consulta e apoia
ativamente a equipe escolar. Tal estilo é apropriado para situações complexas e
quando se tem um alto nível de confiança em sua equipe escolar.
4
- Liderança Delegada – Tomada de decisões com
envolvimento “do outro”. A liderança delegada envolve todos os atores do
cenário escolar, a partir do momento que se estabelece um envolvimento, se
estabelece um comprometimento coletivo.
Neste estilo de liderança os objetivos são
mais desafiadores e as decisões demandam encorajamento, apoio, desenvolvimento
profissional e, ao participar do processo, o líder concorda com a decisão do
grupo. Na delegação da autoridade, desenvolvem-se as habilidades e o
comprometimento da equipe escolar.
A seleção do estilo de liderança depende
de cada situação, bem como, dos atores do cenário escolar no caso corpo docente
e discente e como se relacionam.
Na liderança
diretiva fica claro que o coordenador pedagógico se
percebe como aquele que detém fontes legítimas de poder para alcançar os
objetivos desejados. A sua experiência perceptiva é de ser responsável e
profissional, ao ponto de não ver ou escutar o outro, não permitindo expressão,
criatividade, inovação, levando o outro, no caso seu corpo docente a tal
sentimento de controle que o impede de se comprometer e de envolver na dinâmica
escolar.
Já na liderança de
instrução, quando o coordenador pedagógico toma as decisões
após considerar os objetivos da escola e dos demais atores do cenário escolar,
no caso o corpo docente e discente, ele explica os motivos, procura trabalhar
com a confiança e motivação. A tomada de decisões referente à indisciplina pode
ouvir e olhar os envolvidos na cena, aluno, professor, inspetor, etc. As
considerações a partir das informações pertinentes ao ocorrido são relevantes e
convida os envolvidos para uma reflexão no processo na tomada de decisões.
A liderança de
auxílio permite
ao coordenador pedagógico, a tomada de decisões influenciada após o ouvir e o
olhar dos envolvidos na cena. As considerações a partir das informações
pertinentes ao ocorrido são relevantes e certamente influenciam na tomada de
decisões. O perceber da situação de atitudes agressivas de diferentes olhares
igualmente promovem de situações saudáveis, a partir de um problema instaurado,
e, se for o caso, as medidas disciplinares.
Sobre a difícil questão da indisciplina
(Aquino, 1996) aponta que está cada vez mais difícil lidar com esta imagem no
cenário escolar, os atores do cenário escolar representam a ordenação e o
controle para uma sala agitada.
É necessário esclarecer questões relacionadas
à indisciplina olhando, ouvindo e percebendo nas entrelinhas os diversos
fatores que a envolvem.
A liderança
delegada permite
ouvir o grupo, envolvendo-o no processo de tomada de decisões e
consequentemente desenvolvendo as habilidades e comprometimento. Há acordo com
a decisão do grupo. O líder com a capacidade de delegar é capaz de um olhar
diferenciado e de maiores conquistas. Na relação com o corpo discente, existem
dispositivos no cenário escolar que permitem tal liderança quando se possibilita
a representatividade dos alunos, como por exemplo, os representantes de classe.
Só se conhece o aluno ouvindo-o e percebendo-o.
Da mesma maneira na relação coordenador
pedagógico x aluno, quando o assunto é indisciplina, por exemplo, o líder
diretivo aplica as sanções disciplinares informando aos pais e familiares com
instruções específicas e determinadas. O olhar e o ouvir autocrático mais uma
vez o impedem ver e ouvir o outro.
Necessariamente, perceber o aluno agressivo e
as implicações que o levaram a tal atitude não suprime uma sanção disciplinar,
da mesma maneira que uma sanção disciplinar imposta diretivamente com uma
abordagem autocrática não resolverá a questão da indisciplina.
Reconhecer,
em seus espaços e relações, aspectos facilitadores do trabalho é importante
para que o coordenador não se deixe levar por descrédito e desânimo em relação
à estrutura escolar em que se encontra, aos educadores com quem convive, a si
próprio enquanto educador engajado na própria formação e na de seus professores.
Referências
O Coordenador Pedagógico e o
Cotidiano da Escola. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
O coordenador Pedagógico e
questões da contemporaneidade. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2009.
ALMEIDA, Laurinda Ramalho;
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (Orgs.). O coordenador Pedagógico e o
Espaço da mudança. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
LUCK,
Heloísa; FREITAS, Kátia; GIRLING, Robert e KEITH Sherry Keith. A
Escola Participativa. Rio de Janeiro. Ed. DP&A, 2002.
MERLEAU-PONTY,
M. O Olho e o Espírito & A dúvida de Cézanne. Tradução de NEVES,
PEREIRA. São Paulo: Editora Cocac & Naify, 2004
Postado por Futuros Pedagogos
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