quinta-feira, 5 de maio de 2016

Gestão Pedagógica e gestão de conflitos

Apresentar a gestão pedagógica, destacando a importância do coordenador pedagógico em sua condução, bem como na administração de conflitos

A compreensão do perceber do coordenador pedagógico implica necessariamente em buscar o significado da experiência vivenciada na tomada de decisões no cotidiano da escola, a partir da compreensão da maneira como ocorrem as relações interpessoais com o corpo docente e discente. Para tanto, aprofundar o conhecimento e compreensão sobre o papel do coordenador pedagógico no sentido de ampliar os conhecimentos da complexidade de suas tarefas, em especial, sobre na gestão pedagógica e de conflitos junto ao corpo docente e discente, favorece o levantamento de subsídios quanto à importância do relacionamento interpessoal na escola e promove reflexões sobre a prática.
Ao definir que o corpo é pleno de subjetividade e esta condição se desdobra em decisões. Considerando o corpo como fonte dos sentidos que constitui solo da significação da relação do sujeito no mundo, é possível apresentar o coordenador pedagógico como um sujeito que se relaciona com outros no cenário escolar.
Antes mesmo de falar sobre o coordenador se faz necessário a definição do perceber que se pretende entender. Perceber é um termo originário do latim percipere, que significa adquirir conhecimento de algo por meio dos sentidos. O ato de perceber permite ao sujeito a capacidade de entender o mundo externo e interno. Perceber, conhecer algo, um objeto ou evento, é buscar o seu entendimento para compreendê-lo.
O ouvir – para expor este sustentáculo Almeida nos remete a Rogers (1983) quando fala da alegria em conseguir realmente ouvir alguém:
Quando digo que gosto de ouvir alguém estou me referindo evidentemente a uma escuta profunda. Que dizer que ouço as palavras, os pensamentos, a tonalidade dos sentimentos, o significado pessoal, até mesmo o significado que subjas às intenções conscientes do interlocutor[...]
[...] Várias vezes em minha vida me senti explodindo diante de problemas insolúveis ou andando em círculos atormentadamente, ou ainda,em certos períodos, subjugado por sentimentos de desvalorização e desespero. Acho que tive mais sorte que a maioria por ter encontrado, nesses momentos, pessoas que foram capazes de me ouvir e assim resgatar-e do caos de meus sentimentos. Pessoas que foram capazes de perceber o significado do que eu dizia um pouco além do que eu era capaz de dizer. Estas pessoas me ouviram sem julgar, diagnosticar, apreciar, avaliar. Apenas me ouviram, esclareceram-me em todos os níveis em que eu me comunicava [...]
ALMEIDA, apud Rogers, 1983, p. 5,7 e 8.
O ouvir nesta perspectiva ativa consiste em colocar-se no lugar do outro, através da apreensão atenta dos 

O falar – trata da expectativa que o corpo docente tem em relação à fala do coordenador pedagógico, pois, sabe que essa fala tanto pode ajudar, tranquilizar, dar segurança, oferecer pistas, como ameaçar e causar tensão. Aponta ainda para alguns cuidados inerentes ao perfil do coordenador, como considerar que os professores podem ou não ter o mesmo referencial seu, e por isso ponderar o ponto de vista do outro e de seus conhecimentos. – fala muito acadêmica ou muito popular pode desvalorizar o que se quer transmitir.
Outro cuidado é conhecer os códigos do grupo que constitui o corpo docente, reconhecendo que tanto a aceitação como a resistência às propostas é fortalecida pelos códigos culturalmente estabelecidos. Ou seja,

Olhar - Ouvir - Falar
Seja “o outro”, o professor ou o aluno; com quem existe a relação interpessoal, a abordagem centrada na pessoa só existirá quando o coordenador pedagógico, entender que “o outro” merece a sua consideração, se outro perceber que nesta relação existe um vínculo de comunicação, pela fala ou pelo corpo, que ele é visto, é ouvido, independente de sua condição ou contexto. É importante ressaltar que os atores do cenário escolar precisam ser considerados, precisam receber uma comunicação que demonstre isso, querem e precisam ser percebidas nas tomadas de decisões na escola. Perceber e compreender necessariamente implica na abertura do sujeito em relação ao outro ou à situação que se mostre, no caso, que se mostre no cenário escolar.
A formação docente continuada exige do coordenador um olhar para que o que acontece em sala de aula para organizar um trabalho de reflexão e discussão com troca de experiências. 
Narrativa do proceder no olhar, ouvir e falar do coordenador pedagógico.
O Tripé da atuação relacional do coordenador pedagógico
Referências

 O Coordenador Pedagógico e o Cotidiano da Escola. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
BRUNO, Eliane Bambini Gorgueira; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de ; CHRISTOV, Luiza Helena da Silva (org.)  O coordenador e a Formação Docente. 8. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
FERREIRA, Nilza D. D. O coordenador e a ação docente: contribuições de uma política pública de desenvolvimento profissional no local de trabalho.São Paulo: Tese de Doutorado. Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2013.
 O Perceber do Coordenador Pedagógico na tomada de decisões no cenário escolar. In: TEIXEIRA, Célia; SCHWANTES, Rosileny A.S.(Org.). Organização do trabalho pedagógico: Múltiplos olhares. 1ª ed.São Leopoldo: Oikos, 2011.
LUCK, Heloísa; FREITAS, Kátia; GIRLING, Robert e  KEITH Sherry Keith. A Escola Participativa. Rio de Janeiro. Ed. DP&A, 2002.
MERLEAU-PONTY, M. O Olho e o Espírito & A dúvida de Cézanne. Tradução de NEVES, PEREIRA.  São Paulo: Editora Cocac & Naify,  2004.

Postado por Futuros Pedagogos

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